segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Envio dos Catequistas

   
                                                      
                                                      CATEQUISTA
                                                A SERVIÇO DO SENHOR

“Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, e até os confins da terra.”
Catequistas da Paróquia de São Francisco de Assis, com a força do Espírito Santo, se colocaram a serviço para, na dinâmica do caminho, continuar a tarefa apostólica.
Iniciaram os trabalhos com a formação voltada para a dimensão “SER” do catequista, de forma a ajudá-los a crescer na fé, alimentar ainda mais a sua espiritualidade e desenvolver plenamente a vocação a que foi chamado, ser gente feliz. Nesta dimensão, refletiram sobre O CHAMADO: VOCAÇÃO E COMPROMISSO DO CATEQUISTA que é uma iniciativa que vem de Deus que convoca-os para uma missão e é também uma resposta convicta que os catequistas dão a Ele, colocando-se a serviço. Atender a este chamado requer coragem, fé e entusiasmo, é ser como os profetas do Antigo Testamento, é dizer o nosso sim, assim como fez Maria. Ao se colocarem a serviço, têm que cumprir o compromisso de catequista em reproduzir a imagem de Cristo, transmiti-Lo ao mundo e fazer discípulos. Atendendo a este chamado tornam-se CATEQUISTA PROFETA chamados a anunciar a Palavra de Deus, SACERDOTE chamados a santificar a vida, fazendo de todo o seu trabalho (os da Igreja, os da vida pessoal e os do mundo) uma oferta a Deus e REI, chamados a “governar” o espaço em que vivem de acordo com os valores do Reino de Deus que Jesus anunciou.
A Igreja “exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos... a que, pela freqüente leitura das divinas Escrituras, aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’(Fl 3,8). ‘Com efeito, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo’’’ (CIC 133)
Comprometidos em servir à Palavra de Deus, conhecê-la, vivenciá-la e amá-la, reforça-se a essencial prática da Lectio Divina como um alimento necessário para a vida espiritual e para a missão.
Na Santa Missa, os catequistas foram enviados em missão por Frei Luis Spelgatt, servo de Deus e da Igreja, que exortou aos catequistas a escuta com abertura de alma a toda Palavra que sai da boca de Deus, acolher de coração bem disposto tudo que ela contém, a deixar sobretudo, que Jesus entre em suas casas e em suas vidas. Motivou-os a viverem esta Palavra e ensinarem outros a viverem-na. Na homilia, Frei Luis fez a catequese na leitura do Êxodo 31-8, no chamado de Deus a Moisés no meio da sarça ardente e a resposta deste “Aqui estou” e “Sim, eu irei aos filhos de Israel...” semelhante ao chamado, ao sim e à missão do catequista.
Com a graça de Deus, os catequistas possam viver com amor e fidelidade a missão que assumiram e cumprir os compromissos que este ministério implica.
Paz e bem!
Pastoral Catequética
Fevereiro de 2016.






domingo, 28 de fevereiro de 2016

Terceiro Domingo da Quaresma

Dia Litúrgico: Domingo III (C) da Quaresma
Evangelho (Lc 13,1-9): Nesse momento, chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. Ele lhes respondeu: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo.
E Jesus contou esta parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que está ocupando inutilmente a terra? ’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás." Hoje terceiro domingo da Quaresma, a leitura evangélica contém uma chamada à  penitência e à conversão, ou, bem mais, uma exigência de mudar de vida. " Converter-se" significa, na linguagem do Evangelho, mudar de vida, mudar de atitude interior e também de estilo externo. É uma das palavras mais utilizada no Evangelho. Lembremos que, antes da vinda do Senhor Jesus, São João
Batista resumia sua predicação com a mesma expressão; " Pregando um batismo de conversão (Mc 1,4). E, logo depois, a predicação de Jesus se resume com estas palavras: "Convertei-vos e crede na Boa Nova" (Mc 1,15.
Esta leitura de hoje, tem contudo, características próprias, que pedem atenção fiel e resposta consequente. Pode-se dizer que a primeira parte, com ambas as referência históricas (o sangue derramado por Pilatos e a torre derribada), contem uma ameaça. Impossível chama-la de outro jeito!: Lamentamos as duas desgraças - então sentidas e choradas - mas Jesus Cristo com muita seriedade, nos diz a todos: " Se não vos converterdes, pereceis todos do mesmo modo. (Lc 13,5. Isto mostra-nos duas coisas, primeiro: absoluta seriedade do compromisso cristão. E segundo:de ão respeita-lo como Deus quer, a possibilidade de uma morte, não neste mundo, mas muito pior, no outro: a eterna perdição. As duas mortes de nosso texto não são mais que figuras de outra morte, sem comparação com a primeira. Cada qual, saberá como esta exigência de mudança se lhe apresenta. Ninguém fica excluído. Se isto causa-nos inquietação, a segunda parte nos consola. O "vinhateiro", que é Jesus, pede ao dono da vinha, seu Pai, que espere um ano ainda. E entretanto, Ele fará todo o possível ( e o impossível), morrendo por nós) para que a vinha dê fruto, Que dizer, mudemos de vida! Esta é a mensagem da Quaresma. Levemo-lo, então a sério. Os Santos- São Inácio, por exemplo, embora tarde em sua vid - por graça de Deus mudam e nos animam a mudar.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Fé Católica


"Um dos pilares sobre os quais se assenta a fé da Igreja Católica é a Sagrada Tradição Apostólica. Esta Tradição, chamada pela Igreja de Sagrada, é tudo aquilo que ela recebeu dos Apóstolos e que a eles foi confiado diretamente pelo próprio Jesus Cristo. Não se trata da tradição dos homens, mas somente daquilo que se refere à salvação das almas, e que nos foi deixado pelo Senhor. Sabemos que o Magistério da Igreja extrai todo o ensinamento que dá aos fiéis, da Revelação Divina, que se compõe da Tradição (oral) que veio dos Apóstolos e da Tradição (escrita), a Bíblia. É sobre essa Tradição (escrita e oral), com igual importância nas duas formas, que o Magistério assenta seus ensinamentos infalíveis.
Portanto, a Igreja católica não se guia apenas pela Bíblia (a Revelação escrita), mas também pela Revelação oral que chegou até nós. Sem esta última, nem mesmo a Bíblia existiria como a temos hoje, já que ela foi ´berçada´ ´ como diz D. Estevão Bettencourt ´ e redigida pela Igreja. A transmissão do Evangelho, feita pelos Apóstolos, fez-se de duas maneiras: oralmente e, depois, por escrito, cerca de 20 anos após a morte de Jesus. No ensino oral os Apóstolos ´transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo´ (CIC, 76), nos ensina o Catecismo. Ensina-nos a importantíssima Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que: ´Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério´ (DV, 7).
Vemos que ´os Apóstolos deixaram como seus sucessores os bispos´, para que estes transmitissem aos seus sucessores o ´depósito da fé´ que eles tinham recebido de Jesus. Sabemos que São Paulo instituiu muitos bispos; por exemplo, colocou Timóteo como bispo à frente da importante igreja de Éfeso; enviou Tito para a ilha de Chipre. É comovente a despedida que Paulo faz aos bispos de Éfeso, quando em caminho para o cativeiro de Roma: ´Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que irão proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!´(At 20,28´31). Vemos nesta passagem a preocupação do Apóstolo, recomendando aos bispos, ´constituídos pelo Espírito Santo´, que cuidem e vigiem o rebanho de Deus afim de que os hereges não lhe faça mal.
O mesmo tipo de recomendação Paulo faz a Timóteo e a Tito: ´Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes.´ (1Tm 1,3) ´Recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina que até agora seguiste com exatidão.´ (1Tm 4,6) ´Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito pela virtude do Espírito Santo.´ (2Tm 1,13´14). ´Seja (…) firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina´.
Nos ensina a Dei Verbum que: ´Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3). Quanto à Tradição recebida dos Apóstolos ela compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do povo de Deus, e assim a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê´ (DV,8).
O nosso Catecismo explica assim:
´Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Através da Tradição, ´a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê (DV, 8)´. (CIC n.78) ´A Tradição da qual aqui falamos é a que vem dos Apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e dos exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo. Com efeito, a primeira geração de cristãos ainda não dispunha de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o processo da Tradição viva.´ (CIC n.83)
A Dei Verbum, ensina que:
´Os ensinamentos dos Santos Padres [sec. I a VIII] testemunham a presença vivificante desta Tradição cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante´ (DV,8). Embora a Igreja tenha ciência de que ´já não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo´ (DV,4), no entanto, o Catecismo nos assegura que ´embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos´ (CIC, 66). E isso o Espírito Santo continua a fazer na Igreja através dos teólogos e do Magistério oficial. Aos teólogos cabe aprofundar os conhecimentos do ´mistério da fé´, guiados pelos dogmas já revelados; mas somente ao Magistério cabe definir as verdades da fé.
A Tradição e a Bíblia estão intimamente ligadas. Tanto uma como a outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, presente na Igreja até o fim do mundo (cf Mt 28,20). Ensina-nos a Dei Verbum que: ´A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão, portanto, estreitamente conexas e interpenetradas. Ambas promanam da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim. Com efeito a Sagrada Escritura é a fala de Deus, enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito e da verdade, eles por sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam. Resulta, assim, que não é apenas através da Escritura que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado. Por isso, ambas ´ Escritura e Tradição ´ devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência´ (DV,9), (CIC, 82).
Muitas são as passagens do Novo Testamento que revelam a importância da Tradição oral. São Paulo diz a Timóteo: ´O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros´ (2 Tm 2,2). Note bem o ´ouvistes´ de mim. É a transmissão oral do depósito da fé. Vemos aí a própria Escritura atestando a existência da transmissão oral, de geração a geração. Este ´depósito´ oral chegou até nós pela palavra oficial da Igreja, e não pode ser desprezada. Jesus deixou claro a seus discípulos, na noite da despedida, que Ele não lhes tinha ensinado tudo, mas que o Espírito Santo o faria ao longo do tempo: ´Muitas coisas tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Advogado, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…´ (Jo 16,12).
Todo esse ensinamento que o Espírito Santo foi acrescentando à Igreja é o que foi formando a sua Sagrada Tradição. Era tão marcante a inspiração do Espírito Santo que, por exemplo, após o Concílio de Jerusalém, os apóstolos escreveram à Igreja de Antioquia: ´Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…´ (Cf. At 15,28). Outras passagens mostram essa intimidade deles com o Espírito Santo. ´Então Pedro, cheio do Espírito Santo…´ (Cf. At 4,8). ´Por que combinastes para por à prova o Espírito do Senhor?´ (Cf. At 5,9). Diante do Grande Conselho dos Judeus e do Sumo Sacerdote: ´Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo…´(Cf. At 5,32). Podemos, portanto, afirmar, com toda certeza, que tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. Parte da Revelação foi oral e está na Tradição, que, por isso é Sagrada e indispensável.
Na segunda Carta aos tessalonicenses vemos claramente a Tradição oral: ´Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas, quando estava ainda convosco? ´ (2Tes 2,5). ´Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa´ (2Tes 2,15). ´O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros´ (2 Tm 2,2). Essas passagens se referem a uma transmissão de verdades por meio oral e não escrito. Como, então, desprezar o seu valor? Nem tudo o que Jesus ensinou e fez, e nem tudo o que os apóstolos ensinaram, foi escrito (Cf. Jo 21,24-25). Naquele tempo era difícil escrever. Não havia papel e caneta fácil como hoje. Usava-se pergaminhos (peles de carneiros), papiros, etc., penas molhadas na tinta. Escrever era raridade. São João encerra o seu Evangelho mostrando claramente isto: ´Jesus fez, diante dos seus discípulos, muitos outros sinais ainda, que não se acham escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome´(Jo 20,30s).
Mais adiante ele repete:
´Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam´(Jo 21,25). Essas passagens deixam claro que os evangelistas e Apóstolos só escreveram o ´essencial ´ da mensagem de Cristo, ´ para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome´. Vemos assim que a própria Bíblia nos encaminha para as fontes orais da Palavra de Deus; isto é, a Tradição oral que a berçou. Não podemos jamais nos esquecer de que a Igreja é anterior ao Novo Testamento e que foi ela que formou o cânon do Antigo Testamento como o temos hoje. Logo, sem a Igreja a Bíblia se esfacela. O Cristianismo já existia quando foi escrito o Novo Testamento: ´os fiéis eram assíduos aos ensinamentos (orais) dos apóstolos´ (At 2,4).
Portanto, é a Igreja que credencia a Bíblia. Foi a Igreja que ´constituiu´ a Bíblia, como a temos, e não o contrário. Todo este ensinamento é reafirmado pelo último Concílio, quando diz na Dei Verbum: ´Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, que devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3).
Infelizmente os reformadores protestantes (Lutero, Calvino, Melanchton, etc) tomaram a Bíblia como ´a única fonte de fé´ e, pior ainda, entendida segundo o ´livre exame´ de cada crente, podendo interpretá-la segundo o seu parecer, ´guiado pelo Espírito Santo´. Negaram a Tradição oral, repudiaram o Magistério, abandonaram a Igreja, esquecendo-se que Ela é anterior à Bíblia (Novo Testamento). Foi uma grande traição a Jesus, à Igreja, e ao Espírito Santo que, há quinze séculos (1500 anos!) já conduzia a Igreja sem nunca abandoná-la. Na verdade, a Reforma protestante foi o começo de toda esta lamentável situação que vivemos hoje, um mundo ateu, materialista, racionalista e hedonista, ofensivo a Deus e à Igreja, como diz D. Estevão Bettencourt.
A Reforma protestante, influenciada pelo Renascimento, deu a partida ao liberalismo e ao relativismo religioso que hoje assola o mundo todo e até a Igreja. Transcrevo aqui o que disse D. Estevão Bittencourt, OSB, no seu artigo Origem dos vários grupos cristãos: ´Os reformadores deram início à destruição do grande patrimônio de fé e cultura dos séculos anteriores, que associavam entre si Deus, Jesus Cristo e a Igreja. ´ a Reforma no século XVI disse SIM a Deus e a Cristo e NÃO à Igreja; ´ os iluministas racionalistas do século XVIII disseram SIM a Deus, NÃO a Cristo e a Igreja; ´ os ateus do século XIX disseram NÃO também a Deus; ´ finalmente os estruturalistas do século XX disseram NÃO também ao homem, pois a morte de Deus vem a ser também a morte do homem´. ´Negando a Igreja de Cristo, os reformadores aceitaram a fundação de numerosas igrejas e igrejinhas de líderes humanos, todas originadas do subjetivismo dos seus fundadores´ (PR, nº 404, 1996, pp. 14 e 15). Isto jamais foi da vontade do Senhor.
A maneira subjetiva com que leem a Bíblia, levou o Protestantismo ao esfacelamento, especialmente da doutrina: uns aceitam o batismo de crianças, outros não; uns guardam o sábado como o dia santo, outros o domingo; umas igrejas têm bispos, outras não; umas aceitam o batismo só por imersão na água, outras aceitam-no apenas por infusão. As denominações mais recentes (Testemunhas de Jeová, Mormons, Ciência Cristã) já não aceitam Jesus Cristo como Deus e Homem e nem aceitam a SS. Trindade. Os Mormons por exemplo, chegam a ter uma ´bíblia´ acima da Bíblia. E a confusão vai longe… Em relação à Jesus Cristo há divergências profundas entre luteranos e ´reformados´. Para muitos o dogma da Santíssima Trindade é a base do Cristianismo, para outros é uma ´pedra de escândalo´ e ´aberração politeísta´, embora muitas vezes convivam juntos achando que essas diferenças são ´insignificantes´. Algumas denominações levam a sério a questão doutrinária, outras, como a ´Union Church´, admitem todas as doutrinas.
Resumindo podemos dizer que não há um só ponto de acordo, nem mesmo a respeito da Pessoa do próprio Jesus Cristo, que para uns é consubstancial ao Pai, mas para outros não. Se neste ponto central do Cristianismo ´ a Pessoa de Jesus Cristo ´ não há acordo no protestantismo, imagine no resto… O próprio Lutero, amargurado, foi obrigado a reconhecer em 1525, apenas oito anos após o seu rompimento com a Igreja: ´Há tantas seitas e crenças quantas cabeças. Um não terá nada a fazer com o Batismo; outro nega o Sacramento; um terceiro acredita que há outro mundo entre este e o último dia. Alguns ensinam que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros dizem aquilo. Não há rústico, por mais rude que seja, que, se sonhar ou fantasiar alguma coisa não deva ser o sussurro do Espírito Santo, e ele próprio um profeta´ (Martinho Lutero, John A. O’ Brien, Ed. Vozes, 1959, p.32).
Para mostrar o quanto Lutero foi incoerente na defesa do ´livre exame da Bíblia´, cito o que diz O’ Brien: ´Lutero começou declarando que a Bíblia podia ser interpretada por qualquer um ´até mesmo pela humilde criada do moleiro; antes, até por uma criança de nove anos´. Mais tarde, no entanto, quando os Anabatistas, Zwinglianos e outros contrariaram as suas vistas, a Bíblia tornou-se para ele ´um livro de heresias´, muito obscuro e difícil de entender´ ( idem, p.32). Nos relata O’ Brien que, em Ingolstadt, em 1577, trinta e um anos após a morte de Lutero (1546), Cristovão Rasperger citava duzentas interpretações diferentes das quatro palavras da consagração: ´Isto é o Meu corpo´; interpretações sustentadas pelos seguidores da Reforma (The Faith of Millions, J. A. O’ Brien, Ind.1938, p.227). Que confusão! É preciso dizer também que, embora Lutero colocasse a Bíblia como ´a única fonte da fé´, desprezando a Tradição e o Magistério, no entanto, quando a sua teoria da ´salvação somente pela fé´, sem necessidade das obras, se chocou com as palavras da Epístola de S. Tiago (´sem obras a fé é morta´, Tg 2,26), Lutero a rejeitou de todo e a chamou de ´uma verdadeira epístola de palha´(idem p.16). Onde estava o seu respeito pela Bíblia?… Como, então, as bíblias protestantes ainda mantém nela a Epístola de S.Tiago? Jamais as igrejas evangélicas conseguiriam chegar a um único Símbolo de Fé, um só Credo.
A Igreja católica, por outro lado, porque se manteve fiel a Cristo, apesar dos pecados dos seus filhos, professa uma só fé, um só batismo, um só Senhor. Como disse D. Estevão há uma nostalgia de unidade entre os irmãos separados. Mas eles só a encontrarão ao retornarem ao seio da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, fundada por Jesus sobre a Rocha de Pedro. E nós católicos esperamos por essa hora e rogamos ao Espírito Santo que a apresse, para que haja ´um só rebanho e um só pastor´ (Jo 10,16). É fácil notar que o esfacelamento do protestantismo, cada vez maior, tem como causa a negação da Igreja, do Magistério e da Tradição apostólica, e o princípio estabelecido por Lutero, de que a única fonte de fé é a Bíblia, interpretada segundo ´livre exame´ de cada um. Dessa ´leitura livre´ da Bíblia, cada qual tira a conclusão que quer, a que lhe seja mais oportuna e cômoda, até aquela de fundar ´nova igreja´ dirigida pelo seu fundador, contra o que Jesus determinou.
O Catolicismo tem a convicção de que a humanidade de Jesus é o grande Sacramento que salva a todos os homens, fazendo-se presente no Corpo de Cristo que é a Igreja e que leva a salvação a cada um através dos sete sacramentos. Todos os sacramentos, as verdades doutrinárias, as práticas de piedade, etc., chegaram até nós pela Tradição, oral, não escrita. Lentamente, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja foi descobrindo os sete sacramentos até ter uma visão nítida dos mesmos. Ao vencer cada heresia, especialmente nos grandes Concílios, foi-lhe sendo revelada o verdadeiro ´Símbolo dos Apóstolos´, o Credo. E assim, muitos outros assuntos, foram sendo, sob a inspiração do Espírito, conhecidos. Por exemplo, a necessidade e validade do Batismo ministrado às crianças; a não necessidade de ministrá-lo por imersão, mas apenas por infusão (derramamento) de água; a salutar veneração das imagens, ícones, gravuras sagradas; o casamento indissolúvel, o primado do Papa, o cânon da Bíblia como hoje o temos, diferente da bíblia protestante, o culto e a veneração dos santos (dulia) e à Nossa Senhora (hiperdulia), a santificação do domingo, o purgatório, a ordenação sacerdotal apenas de homens, a intercessão dos santos, a confissão auricular com o sacerdote, a santa missa, a Eucaristia, o celibato dos padres, os ritos litúrgicos, as grandes devoções populares (Sagrado Coração de Jesus, Rosário, Via Sacra, procissões, etc.), tudo chegou a nós através da Sagrada Tradição, confirmada e aprovada pela Igreja. Sem ela não teríamos toda a riqueza da nossa fé, e estaríamos privados de tantos meios de salvação. Só na Igreja católica está a plenitude desses meios.
Um ponto relevante a ser observado, mais uma vez, é a composição da Bíblia Católica, com 46 livros no AT (45, se contarmos Jr e Lm juntos) e 27 no NT; ao todo 72 ou 73. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: ´Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados´ (DV 8) ( CIC,120). Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Como então, dispensar a Tradição na sua interpretação? Como aceitar a existência da fruta e negar a árvore que a gerou? Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos.
Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: ´Pela Tradição torna´se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes´. (DV,8). Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o índice dela. Assim, este só pode ter sido feito pela Tradição dos apóstolos, pela tradição oral que de geração em geração chegou até nós. Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. São Clemente (88-97), Bispo de Roma, quarto Papa da Igreja, colaborador de São Paulo ( cf. Fil 4,3), na Carta aos Corintios, para debelar a rebelião dos fiéis contra os pastores, já no século I expunha as bases da Igreja, mostrando que Jesus Cristo recebeu todo o poder do Pai e incumbiu os Apóstolos de estabelecerem a Hierarquia. Assim, os Apóstolos cumpriram a ordem e puseram à frente das Igrejas, bispos, presbíteros e diáconos como auxiliares, tendo regulamentado a sua sucessão, com normas claras, para que, com a comunidade, fossem escolhidos sempre os melhores. Essas ´normas´ até hoje norteiam a vida da Igreja, é a expressão da tradição dos Apóstolos.
Um dos grandes Padres da Igreja, do século II, foi Santo Ireneu (†202); discípulo de São Policarpo (†156), grande bispo e mártir de Esmirna, que, por sua vez, foi discípulo de São João evangelista. Portanto, S. Irineu é herdeiro direto dos Apóstolos, e nos dá muitos testemunhos da importância da Tradição que recebeu deles. Vamos ver algo do que ele escreveu na sua grande obra ´Contra os Hereges´: ´Sendo nossas provas de tal monta, não é preciso ir procurar alhures a verdade, tão fácil de se haurir na Igreja, pois os Apóstolos, como num rico celeiro, aí depuseram a verdade em sua plenitude, a fim de que todo o que desejar possa tirar dela a bebida da vida…´ ´Pois bem, se ainda que apenas uma questão de detalhe provocasse discussão, não se haveria de renovar às Igrejas mais antigas, àquelas onde viveram os apóstolos, para se esclarecer a questão? E se os apóstolos não tivessem deixado quaisquer Escrituras, não se haveria de seguir a ordem da Tradição que eles legaram aos mesmos aos quais confiaram as igrejas?´ ´Assim, todos os que desejam a verdade podem perceber em qualquer igreja a tradição dos Apóstolos manifestada no mundo inteiro. E nós podemos enumerar os que os apóstolos instituíram como bispos nas igrejas, bem como suas sucessões até nossos dias´ (III, 3,1).
´A pregação da Igreja apresenta por todos os lados firme solidez, perseverando idêntica e beneficiando-se, como pudemos mostrar, com o testemunho dos profetas, apóstolos e seus discípulos, testemunho este que engloba o começo, o meio e o fim, isto é, a totalidade da ´economia´ de Deus e de sua operação infalivelmente ordenada à salvação do homem, fundamento de nossa fé. Eis porque esta fé, que recebemos da Igreja, guardamos com cuidado, como um depósito de grande valor, encerrado em vaso excelente e que, sob a ação do Espírito de Deus, se renova e faz renovar o próprio vaso que a contém. Pois como fora entregue o divino sopro ao barro modelado, foi confiado à Igreja o ´Dom de Deus´(Jo 4,10), afim de que todos os seus membros pudessem dele participar e ser por ele vivificados.
À Igreja foi entregue a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação de nossa fé e escada de nossa ascensão para Deus: ´na Igreja´, foi dito, ´Deus colocou apóstolos, profetas, doutores´ (1Cor12,1) e tudo o mais que pertence à operação do Espírito. Deste Espírito se excluem os que, recusando-se a aderir à Igreja, se privam a si mesmos da vida, por suas falsas doutrinas e depravadas ações. Porque onde está a Igreja está o Espirito de Deus, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja e toda graça. Ora, o Espírito é Verdade. Assim, os que dele não participam são também os que não estão sendo nutridos e vivificados pelos peitos da Mãe, os que não têm parte na fonte límpida que brota do Corpo de Cristo, os que ´escavam cisternas dessecadas´(Jr2,13), buracos na terra, os que bebem a água poluída do pantanal. Eles fogem da Igreja para não serem desmascarados e rejeitam o Espírito para não serem instruídos. Tornando-se estranhos à verdade, é fatal que se precipitem em todo erro e pelo erro sejam sacudidos; fatal que pensem a cada momento diversamente sobre as mesmas coisas, nunca tendo doutrina estável, sendo sofistas de palavras mais que discípulos da verdade. Porque não estão fundados sobre a única Rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros´ (Contra as Heresias, liv.III,24,1).
Neste texto de Santo Irineu você tem uma mostra clara do que é a Tradição da Igreja e sua importância. Torne a lê-la cuidadosamente. Nesta mesma obra Santo Irineu apresenta a primeira lista dos doze primeiros Papas da Igreja, até o décimo segundo, até Eleutério, Papa do seu tempo: ´Ora, dado que seria demasiado longo… enumerar as sucessões de todas as Igrejas, tomaremos a máxima igreja, muito antiga e conhecida de todos, fundada e construída em Roma pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo; mostraremos que a tradição que ela tem, dos mesmos, e a fé que anunciou aos homens, chegaram até nós por sucessões de bispos´… ´Porque, é com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja… na qual sempre se conservou a tradição que vem dos Apóstolos´. ´Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem´aventurados apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado… Anacleto o sucedeu. Depois, em terceiro lugar a partir dos apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado. Ele tinha visto os próprios apóstolos, estivera em relação com eles; sua pregação ressoava-lhe aos ouvidos; sua tradição estava presente ainda aos seus olhos. Aliás ele não estava só, havia em sua época muitos homens instruídos pelos apóstolos…
À Clemente sucede Evaristo; à Evaristo, Alexandre; em seguida… Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aníceto, Sotero… Eleutério em 12º lugar a partir dos Apóstolos´. ´É nesta ordem e sucessão que a tradição dada à Igreja desde os apóstolos, e a pregação da verdade, chegaram até nós. E está aí uma prova muito completa de que é única e sempre a mesma, a fé vivificadora que, na Igreja desde os Apóstolos, se conservou até o dia de hoje e foi transmitida na verdade´ (III, 2,2).
O Catecismo da Igreja fala também da importância da Tradição. Logo no início da sua apresentação, o Papa João Paulo II diz: ´Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos´ (FD, introdução). Com essas palavras o Papa nos ensina que a missão por excelência da Igreja é ´guardar´ intacta a mensagem que recebeu de Jesus, e que salva a humanidade. O Catecismo ensina que a Tradição consiste em tudo aquilo ´que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo´ (CIC, 83)."
fonte: Spíritus Paraclitus)


Converter-se


Converter-se e plantar os pés na realidade

Frei Gustavo Medella

"A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”, diz o pensador e escritor dominicano Frei Betto.
 Parece ser esta a intuição presente na Liturgia deste 3º Domingo da Quaresma, quando o Senhor, “Aquele que é”, pede a Moisés que retire suas sandálias e plante a planta do pé sob o chão da realidade, a partir da qual o próprio Deus se manifestava na árvore espinhosa que queimava em chamas sem se consumir, ou seja, a sarça ardente. É pisando no chão da própria história que Moisés entra em sintonia com aquele que nem o Céu nem a terra conseguem conter, o distante que se faz próximo.
E é na linha da proximidade que São Paulo, ao interpretar as Escrituras, identifica Jesus no rochedo que acompanhava o Povo de Deus em sua travessia pelo deserto rumo à libertação: “E todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e esse rochedo era Cristo” (1Cor 10,4). Converter-se é buscar incessantemente a proximidade com o Senhor, é aprofundar as próprias raízes no chão da realidade, buscar a força gratuita que o Senhor derrama na vida que ele amorosamente criou, no chão da terra que fornece os nutrientes, na força da semente que gera a vida.
Caminhar na alienação do egoísmo, da satisfação exclusiva dos próprios prazeres é comportar-se como a figueira estéril, num estilo de vida que leva ao vazio, que não produz frutos, que não alimenta a luz de Deus presente em cada coração humano. Abrir-se à graça de se reconhecer frágil, porém infinitamente amado, é o caminho que leva a uma profunda realização interior, à produção de frutos abundantes e generosos produzidos por aquele que se deixa guiar pelos caminhos da conversão".
Equipe de catequistas da Paróquia de São Francisco, que cuida da evangelização e conversão dos pequeninos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

5º Encontro Nacional da Pascom

5º. ENCONTRO NACIONAL DA PASCOM

5º. Encontro Nacional da Pascom tem por objetivo aprofundar a compreensão e o serviço da comunicação no campo da Liturgia da Igreja abrindo assim, um largo horizonte, para a articulação, animação e motivação para os membros da Pascom em todo o Brasil.
Nas quatro conferências principais e nos seis seminários oferecidos, estarão presentes  grandes nomes da Comunicação e da Liturgia na Igreja do Brasil. 

PÚBLICO

Agentes da Pascom que são os bispos, sacerdotes, leigos e leigas e ainda outros membros que formam a Pastoral Litúrgica nas dioceses, paróquias e comunidades.

TEMA

Comunicação e Liturgia

ANIMAÇÃO DA PASCOM

Na noite cultural do sábado, 16 de julho.

Palestrantes:

Dom Edmar Peron
Bispo de Paranaguá PR
Mestre em Teologia Dogmática e Liturgia.

Frei José Ariovaldo da Silva
OFM
Doutor em Liturgia

Claudio Pastro
Artista Plástico - Arte Sacra

Moisés Sbardelotto
Jornalista e doutorando em Ciências da Comunicação

Padre  Danilo Cèsrar
Membro da Comissão de Reflexão Litúrgica da CNBB

Frei Joaquim da Fonseca -  OFM
Doutor em Teologia - Professor de Liturgia e Arte Cristã

Padre Ivanor Macieski
Professor de Comunicação
Coordenador do 10º Mutirão Nacional da Comunicação
Coordenador Da PASCOM da Diocese de Joinville

Hamilton Silva
Media Opportunities



domingo, 14 de fevereiro de 2016

Santa Missa na Abertura da CFE 2016



 Santa Missa de Abertura da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016

A Celebração Eucarística que aconteceu hoje (14.02.2016) na Paróquia de São Francisco, reuniu os padres e fiéis que fazem parte das paróquias que compõem a Micro-Centro: Catedral de Fátima, Paróquia de Santa Teresa D'Àvila, Paróquia Cristo Salvador e Paróquia de São Francisco de Assis e foi presidida pelo bispo diocesano Dom Gilberto Pastana.
Durante a homilia Dom Gilberto reforçou por várias vezes o verdadeiro sentido da quaresma, dizendo que é um tempo litúrgico oportuno para mudança de vida , tempo de conversão penitência e misericórdia.
Dom Gilberto falou também do tema da fraternidade: Casa Comum, nossa responsabilidade e o Lema: Quero ver o direito brotar como fonte e correr qual riacho que não seca, (Am 5.24), que propõe à Igreja uma reflexão e atitude, de modo específico, sobre o saneamento básico e o zelo com a Casa comum que nos convida à conversão e à percepção daqueles que mais necessitam de cuidados, os menos favorecidos e a valorização a vida humana, conforme expressado na Encíclica Laudato Si. Falou ainda que te assumir a responsabilidade com a Casa Comum exige uma profunda mudança no estilo de vida, mas devemos começar as mudanças, primeiro na nossa casa, depois no nosso bairro e na cidade que moramos.
A celebração foi linda e contou com a participação de centenas de fiéis







sábado, 13 de fevereiro de 2016

Quaresma: Tempo de Conversão.


A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras.

Chamamos Quaresma ao período de quarenta dias (quadragésima) dedicado à preparação da Páscoa. Desde o século IV manifesta-se a tendência para a apresentar como tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência.
“Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”(Catecismo da Igreja Católica, 540). Ao propor aos seus fiéis o exemplo de Cristo que se retira para o deserto, prepara-se para a celebração das solenidades pascais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.
Não podemos considerar esta Quaresma como uma época mais, repetição cíclica do tempo litúrgico; este momento é único; é uma ajuda divina que é necessário aproveitar. Jesus passa ao nosso lado e espera de nós - hoje, agora - uma grande mudança. 
A Quaresma começa na quarta-feira de Cinzas e termina imediatamente antes da Missa Vespertina in Coena Domini (quinta-feira Santa). “Na Igreja universal são dias e tempos penitenciais todas as sextas-feiras do ano (em memória da morte do Senhor) e o tempo da Quaresma.” (Código de Direito Canônico, 1250)
Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias).
Catecismo da Igreja Católica, 1438
Lembrando o dia em que Jesus Cristo morreu, “Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (Código de Direito Canônico, 1251).
O chamamento do Bom Pastor chega até nós: Ego vocavi te nomine tuo, Eu chamei-te, a ti, pelo teu nome! É preciso responder - amor com amor se paga - dizendo-Lhe Ecce ego quia vocasti me - chamaste por mim e aqui estou! Estou decidido a que não passe este tempo de Quaresma como passa a água sobre as pedras, sem deixar rasto. Deixar-me-ei empapar, transformar; converter-me-ei, dirigir-me-ei de novo ao Senhor, querendo-Lhe como Ele deseja ser querido. 
A quarta-feira das Cinzas é o princípio da Quaresma, dia especialmente penitencial, em que os cristãos manifestam o desejo pessoal de conversão a Deus. A imposição das cinzas é um convite a percorrer o tempo da Quaresma como uma imersão mais consciente e mais intensa no mistério pascal de Jesus, na sua morte e ressurreição, mediante a participação na Eucaristia e na vida de caridade. A origem da imposição das cinzas pertence à estrutura da penitência canónica. Começa a ser obrigatória para toda a comunidade cristã a partir do século X. A liturgia atual conserva os elementos tradicionais: imposição das cinzas e jejum .
A bênção e imposição das cinzas realiza-se dentro da Missa, depois da homilia, embora em circunstâncias especiais se possa fazer dentro de uma celebração da Palavra. As fórmulas de imposição das cinzas inspiram-se na Sagrada Escritura (Gn 3, 19 e Mc 1, 15). As cinzas procedem dos ramos benzidos no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que remonta ao século XII. A fórmula da bênção lembra a condição de pecadores de quem as vai receber. Simboliza a condição débil e caduca do homem, que caminha para a morte, a sua situação pecadora, a oração e a prece ardente para que o Senhor venha em seu auxílio, a Ressurreição, já que o homem está destinado a participar do triunfo de Cristo.
A Igreja convida os seus fiéis a fazerem deste tempo como que um retiro espiritual em que o esforço de meditação e de oração deve ser sustentado por um esforço de mortificação pessoal cuja medida é deixada à livre generosidade de cada um.
Bem vivida, a Quaresma conduz a uma conversão pessoal autêntica e profunda, a fim de participar na festa maior do ano: o Domingo da Ressurreição do Senhor
Contemplar o mistério
Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural.
Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et ressurrectio nostra, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição.
Via Sacra, II Estação: Jesus toma a sua Cruz 
A penitência é a tradução latina da palavra grega metanoia que na Bíblia significa conversão (mudança espiritual) do pecador. Designa todo um conjunto de atos interiores e exteriores dirigidos à reparação do pecado cometido, e o estado das coisas que daí redunda para o pecador. À letra, mudança de vida diz-se do ato do pecador que volta a Deus depois de ter estado afastado d’Ele, o do incrédulo que alcança a Fé.
“A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Batismo ou pelo martírio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe 4, 8)" Catecismo da Igreja Católica, n.1434
Estas e muitas outras formas de penitência podem praticar-se na vida quotidiana do cristão, em particular no tempo da Quaresma e nas sextas-feiras, dia penitencial. Compêndio do Catecismo,
A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao Senhor. Por isso, é indispensável estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa vida - a luz, o impulso da primeira conversão. E essa é a razão pela qual havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos. Não há outro caminho para nos convertermos de novo. 
Cristo que passa, 5
Converter-se é reconciliar-se com Deus, afastar-se do mal, para restabelecer a amizade com o Criador. Supõe e inclui o arrependimento e a Confissão de todos e de cada um dos nossos pecados. Uma vez em graça (sem consciência de pecado mortal), devemos propor-nos mudar a partir de dentro (em atitudes) tudo aquilo que não agrada a Deus.
O apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que «contém pecadores no seu seio» e que é, «ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação» (LG 8). Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» (Sl 51, 18) atraído e movido pela graça (cf. Jn 6,44; 12,32) para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro (cf 1 Jn 4,10).
Catecismo da Igreja Católica, 142
Entramos no tempo da Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão. Não é fácil tarefa. O cristianismo não é um caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem. Na nossa vida, na vida dos cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões sucessivas. É preciso manter a alma jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão.
Cristo que passa, 57
É necessário convencermo-nos de que Deus nos ouve, de que está sempre solícito por nós, e assim se encherá de paz o nosso coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo. E aproximar-se d'Ele um pouco mais significa estar disposto a uma nova retificação, a escutar mais atentamente as suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa alma, e a pô-los em prática.
Cristo que passa, 58
Como concretizar o meu desejo de conversão?
De diferentes modos, mas sempre realizando obras de conversão, como por exemplo: Recorrer ao Sacramento da Reconciliação (Sacramento da Penitência ou Confissão), superar as divisões, perdoando e crescer em espírito fraterno; praticando as Obras de Misericórdia.
Aconselho-te que tentes voltar de vez em quando... ao começo da tua "primeira conversão", o que, se não é fazer-se como criança, é coisa muito parecida: na vida espiritual é preciso deixar-se levar com inteira confiança, sem medos nem duplicidades; tem de se falar com absoluta clareza do que se tem na cabeça e na alma.
Sulco, 145
Que obrigações tem um católico na Quaresma? Em que consiste o jejum e a abstinência? A quem obrigam? Pode mudar-se a prática do jejum e da penitência?
Os católicos devem cumprir o preceito da Igreja do jejum e da abstinência de carne (Compêndio do Catecismo 432): nos dias estabelecidos pela Igreja, assim como o da confissão e Comunhão anual. O jejum consiste em tomar uma única refeição no dia, embora se possa comer menos do que é costume de manhã e à noite. Exceto em caso de doença. Obriga a viverem a lei do jejum todos os maiores de idade, até terem cumprido cinquenta e nove anos de idade (cf. CIC, 1252). Abstinência significa privar-se de comer carne (vermelha ou branca e seus derivados). A lei da abstinência obriga os que tenham cumprido catorze anos de idade (cf. CIC, 1252). “A Conferência episcopal pode determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum.” (Código de Direito Canónico, 1253)
É preciso decidir-se. Não é lícito viver tentando manter acesas, como diz o povo, uma vela a S. Miguel e outra ao Diabo. É preciso apagar a vela do Diabo. Temos de consumir a vida fazendo-a arder inteiramente ao serviço do Senhor. Se o nosso empenho pela santidade é sincero, se temos a docilidade de nos abandonar nas mãos de Deus, tudo correrá bem. Porque Ele está sempre disposto a dar-nos a sua graça e, especialmente neste tempo, a graça de uma nova conversão, de uma melhoria da nossa vida de cristãos.
Cristo que passa, 59 
Deve cuidar-se o viver o jejum ou a abstinência não como uns mínimos, mas como um modo concreto com que a nossa Mãe a Igreja nos ajuda a crescer no verdadeiro espírito de penitência.
Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Jl 2,12-13; Is 1,16-17; Mt 6,1-6. 16-18).
Catecismo da Igreja Católica, 1430 
No Novo Testamento, Jesus refere a razão profunda do jejum, ao estigmatizar a atitude dos fariseus que observavam escrupulosamente as prescrições que a lei impunha, mas o coração deles estava longe de Deus. O verdadeiro jejum, repete noutra ocasião o divino Mestre, consiste antes em cumprir a vontade do Pai celestial, que “vê no segredo e te recompensará” (Mt 6,18).

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Mensagem do Papa Francisco


Papa envia mensagem para Campanha da Fraternidade 2016
O Papa Francisco enviou sua tradicional mensagem à Igreja do Brasil por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade, que foi aberta nesta Quarta-feira de Cinzas, 10. Neste ano, a Campanha é ecumênica e terá como tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”.
“Todos nós temos responsabilidade pela nossa casa comum, ela envolve governantes e toda a sociedade”, afirmou o Pontífice. “Aprofundemos a cultura ecológica. Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. ‘Ela deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático’”, acrescentou, citando sua encíclica Laudato si’
"Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Em sua grande misericórdia, Deus não se cansa de nos oferecer sua bênção e graça e de nos chamar à conversão e ao crescimento na fé. No Brasil, desde 1963, se realiza durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade. Ela propõe cada ano uma motivação comunitária para a conversão e a mudança de vida. Ela tem como tema: “Casa comum, nossa responsabilidade”. Seu lema bíblico é tomado pelo Profeta Amós: “Quer ver o direito brotar como fonte e a justiça qual riacho que não seca” (Am  5, 24).
É a quarta vez que a Campanha da Fraternidade se realiza com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Mas, desta vez, ela cruza fronteiras: é feita em conjunto com a Misereor, Iniciativa dos católicos alemães que realiza a Campanha da Quaresma desde 1958. O objetivo principal deste ano é o de contribuir para que seja assegurado o direito essencial de todos ao saneamento básico. Para tanto, apela a todas as pessoas convidando-as a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.
Todos nós temos responsabilidade por nossa Casa Comum, ela envolve os governantes e toda a sociedade. Por meio desta Campanha da Fraternidade, as pessoas e comunidades são convidadas a se mobilizar, a partir dos locais em que vivem. São chamadas a tomar iniciativas em que se unam as Igrejas e as diversas expressões religiosas e todas as pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico. O acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental.
Na encíclica Laudato Si’, recordei que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos” (n. 30) e que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres (cf. ibid.). E, numa perspectiva de ecologia integral, procurei evidenciar o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social, alertando que “a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta” (n. 48).
Aprofundemos a cultura ecológica. Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Ela “deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma Tecnocrático” (Laudato si’, 111). Queridos irmãos e irmãs, insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido, principalmente durante esta  Quaresma, motivamos pela Campanha da Fraternidade Ecumênica, a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando superamos “a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor” e descobrimos que Jesus quer “que toquemos a carne sofredora dos outros” (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao “cuidado generoso e cheio de ternura” (Laudato Si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação.

Eu me uno a todos os cristãos do Brasil e aos que, na Alemanha, se envolvem nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, pedindo a Deus: “ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz” (Laudato si’, 246). Aproveito a ocasião para enviar a todos minhas cordiais saudações com votos de todo bem em Jesus Cristo, único Salvador da humanidade e pedindo que, por favor, não deixem de rezar por mim!"

Vaticano, 22 de janeiro de 2016.

Papa

Divulgado o tema para o 54º Dia Mundial das Comunicações  "Para que contes aos teus filhos e aos teus netos. A vida se faz história”...